sábado, 21 de janeiro de 2012

TEMA: Saindo da rotina

o    TEMA: Saindo da rotina
TEMA: Saindo da rotina
TEXTO: Mc 10.46-52
A tendência do ser humano é viver á vida repetindo as mesmas coisas, os mesmos comportamentos, os mesmos hábitos, costumes, os mesmos pecados. Uma das expressões que encontramos inúmeras vezes no A.T é “ e andou nos mesmos pecados ou caminhos de seus pais”.

Como definir o termo rotina:
Habito de fazer uma coisa sempre do mesmo modo. Mecanicamente, repetição monótona das mesmas coisas, apego ao uso geral sem interesse pelo progresso.
A nossa pratica religiosa pode se tornar uma rotina. Algo sem significado, onde muitas das vezes as nossas expressões estão destituídas do verdadeiro conteúdo.
As nossas orações refletem essa realidade, tente tirar algumas palavras da sua oração. Vc não conseguirar orar.
“senhor meu Deus e meu pai, ó Deus, louvamos, presença, obrigado, bênçãos” etc.
Acostumamos-nos andar sempre pelos mesmos caminhos.
Falar sempre as mesmas palavras para os outros.
Sentamos sempre no mesmo lugar na igreja.

A verdade é que nós gostamos da rotina, porque não exige esforço. Todas as vezes que vc faz algo novo seu cérebro tem que se esforçar, gastar energia. Quando é algo rotineiro o cérebro não gasta energia porque todas as informações necessárias já estão ali armazenadas.

Deus nos chama hoje para sairmos da rotina, da mesmice, precisamos andar por novos caminhos, precisamos fazer coisas novas.

Ou vc vai ficar o resto da vida fazendo essas orações que nem mesmo vc suportar mais, tem gente que cultua a Deus de uma maneira tão sem graça que nem o diabo aceita um culto desse.

Tem algumas pessoas que não demonstram nenhuma reação diante de Deus.
Tem outros que fazem pela força do habito.
Tem outros que sempre procuram ir alem daquilo que podem fazer.
Precisamos romper com a rotina da nossa vida, para que possamos experimentar o sobrenatural de Deus.
"Como se faz para romper uma rotina?"
Quero que vc olhe para a historia de um homem que lemos esta noite, Seu nome é Bartimeu e ele era um mendigo, cego, que viveu na antiga cidade de Jericó.
Deixe-me tomar um momento para esboçar para você tipo da rotina deste homem:
Primeiro, ele era cego. Um cego não poderia trabalhar. Ele não sabia ler nem escrever. Não havia escrita braile, ele não tinha um cão para guia-lo.
Segundo ele era mendigo. a única coisa que ele poderia fazer era pedir esmola.
Em terceiro lugar, ele era um objeto de piedade. Ele dependia da compaixão dos outros para sobreviver.

Sua vida foi reduzida a estas últimas quatro palavras do versículo 46: "sentado à beira da estrada." Essa era a sua rotina. Mas ele fez alguma coisa para sair desta rotina. Há pelo menos sete coisas que Bartimeu fez naquele dia, quando Jesus passou por sua rua, sua cidade. Eu não quero enfatizar o que Jesus fez, mas sim o que bartimeu faz para que sua vida mudasse, as coisas começam apartir de você.
O primeiro princípio é este:

1. Assumir a responsabilidade por sua própria vida. Versículo 47 diz: "E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, começou a gritar e dizer:" Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! "
Note aqui que Bartimeu tomou a iniciativa, de gritar. Essa é uma observação muito importante, talvez a mais importante de todas as sete.
Uma das razões porque é tão difícil romper com a rotina é que ela é segura. Ser dependente de outras pessoas não era o estilo de vida mais gratificante, mas pelo menos ele sabia o que estaria fazendo amanhã e no dia seguinte.
No entanto, ele sonhava com mais. Ele sonhava em ser capaz de ver.

O dia em que Jesus passou, Bartimeu foi subitamente confrontado com a decisão mais importante de sua vida. Será que ele continuaria a ser dependente de outros, onde se sentia seguro, ou ele iria assumir a responsabilidade por si mesmo e correria o risco de sair da sua rotina? Se voce não correr riscos .
Você vai ser um morador da rotina pelo resto de sua vida.
Você é responsável pelo que você é em todas as áreas da sua vida. Ninguém é culpado pelo seu fracasso espiritual.
Tem gente que fica o resto da vida culpando os outros pelos seus fracassos. Não oramos mais porque não queremos, não lemos mais porque temos uma mente preguiçosa, não conquistamos mais porque não queremos correr risco.
Nos acostumamos com o ditado popular “ que é melhor um passarinho nas mãos do que dois voando.
Bartimeu assumiu a responsabilidade e disse vou correr risco mais vou sair desta rotina.

Em segundo lugar, se você quiser sair da sua :

2. Acredite que você pode mudar.
Bartimeu precisava de uma fé real, para dar um pulo e se mover em direção a Jesus no meio daquela multidão. V 52. Vai a tua fé te salvou...
A fé não é uma salto na escuridão mas ela é baseada em alguma evidencia. Caso contrario, é nada mais que , ingenuidade.
Note a frase no versículo 47: "E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, começou a gritar ..."
Isso implica em algum tipo de reconhecimento - algum conhecimento prévio. Bartimeu tinha provavelmente já ouvido falar que Jesus podia curar. Há descrições de pelo menos seis pessoas que foram curadas de cegueira no Novo Testamento.
Como isso se aplica a você e a mim? A Bíblia diz em Romanos 10:17 "Assim também a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Ouvir essas histórias produz fé!

Creia que sua vida pode mudar essa noite, sua casa, família, célula, tudo é possível ao que crer.
Quem foi que disse que não tem mais jeito. Você pode ser diferente, mais amável, mais dedicado, mais submisso, mais temente a Deus.

Eu imagino que cada passo que bartimeu dava ele ia pensando hoje é o meu dia, chegou o fim da cegueira, da mendicância, de ficar a beira da estrada, da rejeição.
Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida. Como será o restante de sua vida.

3. Saiba o que você realmente precisa.
Repare no versículo 51 que Jesus fala para Bartimeu: "O que você quer que eu faca por você?"
Por que Jesus teve que perguntar? Ele poderia ler a mente do homem? Ele já não sabe? . Bartimeu não hesitou: "Mestre, eu quero recuperar a minha vista!"
A pergunta de Deus esta noite é o que você deseja? O que você quer?
MT 15.28 Jesus diz para a mulher Cananéia. Seja conforme você quer. Faça-se contigo como tu queres.
O que você deseja para a sua vida, nada? Então você terá nada. Quem não tem objetivos sempre vai viver uma vida de rotina.
4. Pare de se preocupar com o que os outros vão dizer. 48

Algo que mantém muitos de nós em nossas rotinas é o medo da desaprovação dos outros.
E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim. V 48.
Você vê, ele teve que ir além do que as pessoas estavam dizendo.
O mundo estar cheio de pessoas pessimistas e negativas, pessoas que sempre tem uma mensagem que diz: você não vai conseguir, não adiante, você ta doido.
Não dê ouvidos para pessoas pessimistas.
5. Pare de esperar por circunstâncias ideais.
A situação no dia que Bartimeu foi curado estava longe de ser a ideal. Versículo 46 diz que Jesus estava saindo de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão.
Que chance tinha alguém de obter a atenção em Jesus uma multidão? Quase nenhum. E um cego. Talvez Bartimeu deveria esperar um momento melhor. Talvez amanhã ou no dia seguinte ou na próxima semana ou no próximo ano. Quem vive na rotina pensa assim.

Pare de esperar por condições ideais
6. Faça algo ousado e dramático. V 50.
Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
Um jovem perguntar a um velho executivo qual o segredo para o sucesso? Você vai ser bem sucedido.
Quando você desejar o sucesso tal como você queria o ar, ai você vai se tornar bem sucedido."
Finalmente, se você quiser sair da rotina.
7. Faça algo agora.
Bartimeu decidiu fazer alguma coisa naquele dia, tomou uma decisão, que decisão você vai tomar hoje para mudar a sua vida.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Na segunda metade do século passado uma mulher estava cruzando o sul de Gales durante uma forte tempestade. Ela carregava nos braços um recém nascido. Ela sabia que não ia conseguir um abrigo naquela nevasca. Então ela se deitou na neve. Quando acharam ela - ela estava morta, congelada. Ela havia tirada sua roupa e a usou para cobrir o bebê. O bebê estava vivo. O neném cresceu e foi mais tarde conhecido como David Lloyd George o primeiro ministro da Inglaterra. Tudo, poque aquela mãe se importou com ele. - adaptado de uma mensagem de Max Lucado.

"A Maravilhosa Graça de Deus"

"A Maravilhosa Graça de Deus"
Alguns anos atrás, numa igreja na Inglaterra, o pastor notou um ex-assaltante se ajoelhando para receber a ceia do Senhor ao lado de um juiz da Suprema Corte da Inglaterra. O juiz era o mesmo que, anos antes, havia condenado o assaltante a sete anos na prisão.
Após o culto, enquanto o juiz e o pastor caminhavam juntos, o juiz perguntou, “Você viu quem estava ajoelhado ao meu lado durante a ceia?”
“Sim”, respondeu o pastor, “mas eu não sabia que você havia notado”.
Os dois homens caminharam em silêncio por alguns momentos. Daí o juiz disse, “Que milagre da graça!”
O pastor concordou. “Sim, que milagre maravilhoso da graça”.
Daí o juiz perguntou, “Mas você se refere a quem?”
O pastor respondeu “É claro, à conversão do assaltante.”
O juiz falou “Mas eu não estava pensando nele. Estava pensando em mim mesmo.”
“Como assim?” indagou o pastor.
O juiz respondeu, “O assaltante sabia o quanto ele precisava de Cristo para salvá-lo dos seus pecados. Mas, olhe para mim. Eu fui ensinado desde a infância a ser um cavalheiro, a cumprir a minha palavra, fazer minha orações, ir à igreja. Eu passei por Oxford, recebi meu diploma, fui advogado e eventualmente tornei-me juiz. Pastor, nada, a não ser a graça de Deus, podia ter me levado a admitir que eu era um pecador igual àquele assaltante. Levou muito mais graça para me perdoar por meu orgulho, minha confiança em mim mesmo, para me levar a reconhecer que não sou melhor aos olhos de Deus do que aquele assaltante que eu mandei à prisão.”
E que maravilha a graça é. Boas pessoas só não entram no céu porque seu orgulho as impede de chegar ao Salvador.
- Steven J. Cole, Not the healthy but the sick WORLD (March 1, 1997).

O PREGADOR E O SERMÃO

O PREGADOR E O SERMÃO
O PREGADOR E O SERMÃO
1. QUALIDADES DO PREGADOR DO EVANGELHO
Naturalmente para que alguém obtenha êxito como mensageiro de Deus deve possuir certas qualidades, ou satisfazer a determinadas condições. O fator essencial, a característica de maior importância, é a piedade, que, no dizer do apóstolo, "para tudo é proveitosa", I Timóteo 4:8. Só o crente consagrado, verdadeiramente espiritual, alcançará grandes vitórias por Deus e para Deus. O homem leviano, superficial, poderá ser notável orador político e obterá, talvez o aplauso e admiração de muitos, porém jamais conseguirá tornar-se um eficiente pregador ou um instrumento poderoso usado pelo Senhor. No mínimo três elementos são essenciais à eficiência do seu trabalho:humildade, para alcançar graça; oração, a fim de conseguir poder; estudo da Bíblia, para obter sabedoria.
2. PREPARO INDIVIDUAL DO PREGADOR
Antes mesmo de preocupar-se com a mensagem, deve o pregador cuidar de si. É princípio inegável que aquilo que ele faz depende do que ele é. Daí as recomendações de Paulo a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo (a pessoa) e da doutrina" (o trabalho); e mais adiante: "Procura apresentar-te aprovado perante Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar (o indivíduo) e que maneja bem a palavra da verdade", (a ação) (I Timóteo 3:16 e IITimóteo 2:15). Para que o pregador seja bem sucedido em seu trabalho, é indispensável uma preparação completa, a qual abrange três aspectos: físico, intelectual e espiritual. Preparação física: boa condição do organismo; saúde equilibrada. A Bíblia fala muito a respeito do equilíbrio das refeições. Nunca devemos exagerar na alimentação. Só recentemente que a ciência descobriu que a comida em excesso, pode ser prejudicial. Porém, a Bíblia Sagrada ensinava essa verdade há 3.500 anos atrás. "Depois disse o Senhor a Moisés: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis. Todavia pode-se usar a gordura do animal que morre por si mesmo, e a gordura do que é dilacerado por feras, para qualquer outro fim; mas de maneira alguma comereis dela" (Levítico 7:22-24). Temos conhecimento no dia de hoje, quão pernicioso é o colesterol em nosso sangue. O exercício também é muito importante para quem quer servir ao Senhor. Longas caminhadas e outras atividades que "desemperram" os músculos são indispensáveis na vida do servo do Senhor. Acredito que o fator que pesou na longevidade de anos na vida dos servos do Senhor, foi sem dúvida alguma, as longas caminhadas que eles eram obrigados a fazer no cotidiano de suas vidas. Abraão, Isaque, Jacó e muitos outros patriarcas eram caminhantes inveterados. O próprio Moisés caminhou no deserto, conduzindo o rebelde povo de Israel, pelo menos quarenta anos. Não é de admirar que Moisé morreu com 120 anos de idade (Deuteronômio 34:7). Se Moisés tivesse algum problema sério de saúde, naturalmente não seria usado por Deus para estar à frente do povo hebreu por longos quarenta anos. Vamos imaginar se Moisés fosse um cardíaco. Como resistiria ele as longas caminhadas naquele deserto abrasador? É necessário, portanto, que o servo do Senhor cuide de sua saúde. O apóstolo João, o ancião, desejou saúde ao seu amigo Gaio (III João 2). Preparação intelectual: É natural que o pregador seja amante dos livros. Indispensável, pois, se torna que vá, aos poucos, formando a sua biblioteca. Devido ao elevado custo atual dos livros, deve o pregador selecionar os volumes que precisa adquirir, evitando gastar tempo e dinheiro com obras que poderia dispensar. O pregador compreensivo se dedicará às matérias essenciais, ao tipo de estudo mais proveitoso para o seu ministério. Não perderá os seus momentos preciosos com leituras supérfluas ou que nada edificam. Além da Bíblia, que é o primordial, e da Arte de Pregar, a língua materna deve merecer sua atenção perene. Como é lamentável o pregador, e quanto é prejudicial à mensagem, cometer graves erros de português. Não se fala de ser um erudito, mas de evitar erros primários. Quanto mais cultura ele tiver, mais fácil e mais eficiente será o seu ministério. O pregadorprecisa conhecer bem o homem e a cultura de seu tempo: suas idéias, seus costumes, seus problemas, seus recursos, sua personalidade e sua psicologia. Por isso, o pregador não pode contentar-se em estudar apenas sua Bíblia. O pregador não deve ser "homem de um livro só". Mas, há muita gente que se ufana disso. Quem afirma que o pregador deve estudar só a Bíblia revela ignorância ou preguiça mental. O pregador precisa estar em dia com o seu tempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem ele vai ministrar. Se ele está no Brasil, precisa conhecer a psicologia do povo brasileiro, o grau de cultura deste povo, suas aspirações, suas frustrações, o que faz, como o faz, o que pensa e o que pretende. Se ele dirigir a outro país, terá que conhecer o mesmo arespeito do povo daquele país. Precisará não só conhecer essa cultura, mas assimilá-la e integrar-se nela. Por isso, o pregador terá que ler muito (ser leitor inveterado e insaciável de informações). Ler jornais, revistas, livros; ouvir rádio, ver televisão (menos o que não presta); estar se informando dos mais diversos noticiários do mundo. Ele precisa ver, ouvir e sentir o seu povo. Paulo, o apóstolo aos gentios, não esquecia do seu preparo intelectual, e isto se nota quando ele pediu ao seu colega Timóteo, os livros e pergaminhos (II Timóteo 4:13). Concluimos, pois, que Paulo valorizava o preparo intelectual. Além da Bíblia, que é o primordial, e da Arte de Pregar, a língua materna deve merecer sua atenção perene. Como é lamentável o pregador, e quanto é prejudicial à mensagem, cometer graves erros de português. Não se fala de ser um erudito, mas de evitar erros primários. Quanto mais cultura ele tiver, mais fácil e mais eficiente será o seu ministério. O pregador precisa conhecer bem o homem e a cultura de seu tempo: suas idéias, seus costumes, seus problemas, seus recursos, sua personalidade e sua psicologia. Por isso, o pregador não pode contetar-se em estudar apenas sua Bíblia. O pregador não deve ser "homem de um livro só". Mas, há muita gente que se ufana disso. Quem afirma que o pregador deve estudar só a Bíblia revela ignorância ou preguiça mental. O pregador precisa estar em dia com o seu tempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem ele vai ministrar. Se ele está no Brasil, precisa conhecer a psicologia do povo brasileiro, o grau de cultura deste povo, suas aspirações, suas frustrações, o que faz, como o faz, o que pensa e o que pretende. Se ele dirigir a outro país, terá que conhecer o mesmo a respeito do povo daquele país. Precisará não só conhecer essa cultura, mas assimilá-la e integrar-se nela. Por isso, o pregador terá que ler muito (ser leitor inveterado e insaciável de informações). Ler jornais, revistas, livros; ouvir rádio, ver televisão (menos o que não presta); estar se informando dos mais diversos noticiários do mundo. Ele precisa ver, ouvir e sentir o seu povo. Paulo, o apóstolo aos gentios, não esquecia do seu preparo intelectual, e isto se nota quando ele pediu ao seu colega Timóteo, os livros e pergaminhos (II Timóteo 4:13). Concluímos, pois, que Paulo valorizava o preparo intelectual.
3. PREPARO ESPIRITUAL DO PREGADOR
O pregador deve, prioritariamente, buscar a qualidade espiritual. O bom condicionamento físico e o preparo intelectual são bons, e até necessários, mas nada disso adianta, se o pregador não empenhar-se na busca da santidade, (I Timóteo 4:13). a) - Estudo da Bíblia. O pregador deve levar a sério o estudo das Sagradas Escrituras. Para obter sucesso em sua labuta no dia a dia, o pregador ou pastor precisa desenvolver o hábito de estudar com afinco o Santo Livro. "Não se aparte de sua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido" (Josué 1:8). Neste pequeno e excelente versículo, temos uma receita divina. Deus, aqui, mostra o que futuro sucesso de Josué, seria observar e pôr em prática o Santo Livro. Paulo também sabia do valor das Escrituras Sagradas na vida de Timóteo, seu filho na fé. Eis o conselho que Paulo deu ao Jovem Timóteo: "Procure apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade" (II Timóteo 2:15). As Santas Escrituras são instrumentos poderosíssimos na vida de quem quer dedicar na causa do Evangelho. Paulo, o maior pregador de todos os tempos, abaixo de Cristo, disse: "Porque não me envergonho do Evangelho, pois o é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Romanos 1:16).
b) - Oração: Devido a grande importância do assunto, dedicaremos alguns parágrafos à oração, como fator sem igual para o progresso espiritual do obreiro. Alguém, numa certa ocasião, disse acertadamente: "A oração é a primeira, a segunda e a terceira coisa necessária ao pregador". O pregador que não se dedica à oração, não pode ser bem sucedido em seu ministério. Todas as Escrituras estão cheias de exemplos de homens de oração profunda e piedosa. Os heróis do Antigo Testamento a usavam como arma eficiente nas suas grandes vitórias. Um dos grandes exemplos de oração é o do patriarca Jó. Jó sofreu as mais terríveis pressões que a vida reserva; porém, a Bíblia diz que Jó continuou imbatível em sua jornada de fé. Jó perdeu todos os seus bens materiais, perdeu todos os seus dez filhos, e, por fim, perdeu a saúde, mas não perdeu a sua esperança no Todo-Poderoso. Este valoroso homem continuava orando a Deus, apesar dos dissabores que sofreu. Vejamos o que a Bíblia diz a respeito de Jó e sua oração: "O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó 42:10).Davi, o segundo rei da nação de Israel, também era um homem de oração. Este homem foi notável em seus momentos de devoção a Deus. São dele essas palavras que nos estimulam às orações: "De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei (oração); e Ele ouvirá a minha voz" (Salmos 55:17). Quando estudamos o Evangelho de Lucas, que apresenta Jesus com homem perfeito, e dá ênfase à sua dependência de Deus na realização do ministério na terra, aprendemos que o Senhor vivia em constante comunhão com Deus; no batismo, "orando Ele, o céu se abriu" (Lucas 3:21); após a efetuação de prodígios, retirava-se para o deserto e ali orava (Lucas 5:16); antes de escolher os doze, "subiu ao monte a fim de orar, e passou a noite em oração a Deus" (Lucas 6:12); esteve sozinho, orando pouco antes de interrogar aos seus discípulos: "Quem dizem o homem que eu sou?" (Lucas 9:18); noutra ocasião levou três dos mais íntimos companheiros "e subiu ao monte a orar e ali se transfigurou" (Lucas 9:29); exultante, orou ao Pai com ação de graças pelas revelações aos humildes seguidores (Lucas 10:21); "estando Ele a orar em certo lugar" os seus discípulos suplicaram que lhes ensinasse a orar (Lucas 11"1); na cruz orou, pedindo perdão para os inimigos (Lucas 23:34). E conforme o testemunho do autor da carta aos hebreus, ainda hoje "vive para interceder por nós" (Hebreus 7:25). Paulo é outro exemplo magnífico: não obstante as múltiplas responsabilidades do apóstolo, suas contínuas viagens, as perseguições que enfrentava, as lutas do ministério e os labores constantes, encontramo-lo sempre em oração intercessória, conforme aprendemos dos seus escritos: "Incessantemente faço menção de vós, pedindo nas minhas orações..." (Romanos 1:9-10). "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada" (I Coríntios 1:4). "Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria" (Filipenses 1:4). "Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós" (Colossenses 1:3). Por falta de espaço e tempo, não podemos transcrever aqui muitas outras passagens que revelam a importância da oração.
4. PREPARO ESPIRITUAL DO PREGADOR
O pregador deve, prioritariamente, buscar a qualidade espiritual. O bom condicionamento físico e o preparo intelectual são bons, e até necessários, mas nada disso adianta, se o pregador não empenhar-se na busca da santidade, (I Timóteo 4:13). a) - Estudo da Bíblia. O pregador deve levar a sério o estudo das Sagradas Escrituras. Para obter sucesso em sua labuta no dia a dia, o pregador ou pastor precisa desenvolver o hábito de estudar com afinco o Santo Livro. "Não se aparte de sua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido" (Josué 1:8). Neste pequeno e excelente versículo, temos uma receita divina. Deus, aqui, mostra o que futuro sucesso de Josué, seria observar e pôr em prática o Santo Livro. Paulo também sabia do valor das Escrituras Sagradas na vida de Timóteo, seu filho na fé. Eis o conselho que Paulo deu ao Jovem Timóteo: "Procure apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que maneja bem a palavra da verdade" (II Timóteo 2:15). As Santas Escrituras são instrumentos poderosíssimos na vida de quem quer dedicar na causa do Evangelho. Paulo, o maior pregador de todos os tempos, abaixo de Cristo, disse: "Porque não me envergonho do Evangelho, pois o é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego" (Romanos 1:16). b) - Oração: Devido a grande importância do assunto, dedicaremos alguns parágrafos à oração, como fator sem igual para o progresso espiritual do obreiro. Alguém, numa certa ocasião, disse acertadamente: "A oração é a primeira, a segunda e a terceira coisa necessária ao pregador". O pregador que não se dedica à oração, não pode ser bem sucedido em seu ministério. Todas as Escrituras estão cheias de exemplos de homens de oração profunda e piedosa. Os heróis do Antigo Testamento a usavam como arma eficiente nas suas grandes vitórias. Um dos grandes exemplos de oração é o do patrairca Jó. Jó sofreu as mais terríveis pressões que a vida reserva; porém, a Bíblia diz que Jó continuou imbatível em sua jornada de fé. Jó perdeu todos os seus bens materiais, perdeu todos os seus dez filhos, e, por fim, perdeu a saúde, mas não perdeu a sua esperança no Todo-Poderoso. Este valoroso homem continuava orando a Deus, apesar dos dissabores que sofreu. Vejamos o que a Bíblia diz a respeito de Jó e sua oração: "O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía" (Jó 42:10). Davi, o segundo rei da nação de Israel, também era um homem de oração. Este homem foi notável em seus momentos de devoção a Deus. São dele essas palavras que nos estimulam às orações: "De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei (oração); e Ele ouvirá a minha voz" (Salmos 55:17). Quando estudamos o Evangelho de Lucas, que apresenta Jesus com homem perfeito, e dá ênfase à sua dependência de Deus na realização do ministério na terra, aprendemos que o Senhor vivia em constante comunhão com Deus; no batismo, "orando Ele, o céu se abriu" (Lucas 3:21); após a efetuação de prodígios, retirava-se para o deserto e ali orava (Lucas 5:16); antes de escolher os doze, "subiu ao monte a fim de orar, e passou a noite em oração a Deus" (Lucas 6:12); esteve sozinho, orando pouco antes de interrogar aos seus discípulos: "Quem dizem o homem que eu sou?" (Lucas 9:18); noutra ocasião levou três dos mais íntimos companheiros "e subiu ao monte a orar e ali se transfigurou" (Lucas 9:29); exultante, orou ao Pai com ação de graças pelas revelações aos humildes seguidores (Lucas 10:21); "estando Ele a orar em certo lugar" os seus discípulos suplicaram que lhes ensinasse a orar (Lucas 11"1); na cruz orou, pedindo perdão para os inimigos (Lucas 23:34). E conforme o testemunho do autor da carta aos hebreus, ainda hoje "vive para interceder por nós" (Hebreus 7:25). Paulo é outro exemplo magnífico: não obstante as múltiplas responsabilidades do apóstolo, suas contínuas viagens, as perseguições que enfrentava, as lutas do ministério e os labores constantes, encontramo-lo sempre em oração intercessória, conforme aprendemos dos seus escritos: "Incessantemente faço menção de vós, pedindo nas minhas orações..." (Romanos 1:9-10). "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada" (I Coríntios 1:4). "Fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria" (Filipenses 1:4). "Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós" (Colossenses 1:3). Por falta de espaço e tempo, não podemos transcrever aqui muitas outras passagens que revelam a importância da oração.
5. AQUELES QUE O SENHOR CHAMA
Consideremos então a importância do crente redimido por Jesus Cristo ser o arauto das verdades eternas do Evangelho. Como crente em Cristo, muitos privilégios tenho tido em minha vida. Porém, nenhum outro privilégio pode se comparar com a oportunidade de servir o meu Criador. Lembro-me do apóstolo Paulo que considerava o grande privilegiado de ser escolhido para "...anunciar as inescrutáveis riquezas de Cristo" (Efésios 3:8). Pregar o Evangelho de Cristo, sem dúvida alguma, é pregar a maior riqueza de todo o universo. Estou certo de que Deus concede a todos os convertidos, seja homem ou mulher, seja moço ou moça, menino ou menina, essa grande bênção de falar de Cristo aos seus semelhantes que necessitam de salvação. Todos os regenerados pelo poder do Espírito Santo de Deus, podem e devem falar de Jesus como sendo a única esperança ao perdido pecador. Pregar o Evangelho de Cristo, não quer dizer com isso, que todos devem ocupar a direção ou liderança de uma determinada igreja. Aprendemos nas Escrituras Sagradas que nem todos são chamados para ocuparem o pastorado da igreja. Deus, que conhece os corações, escolhe e capacita àqueles que por Ele são chamados para este grandioso serviço. Paulo mesmo disse que nem todos têm um mesmo dom na Igreja de Cristo. "E uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas: são todos mestres? são todos operadores de milagres? todos têm dom de curar? Falam todos línguas? Interpretam todos? Mas procurai com melhor zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente" (I Coríntios 12:28-31). Sabemos que, no caso da mulher, Deus proíbe terminantemente ocupar uma posição de liderança na igreja. Apesar deste ensino produzir muita polêmica entre igrejas e pastores, ele continua firme nas páginas das Escrituras Sagradas. Veja as seguintes passagens: (I Coríntios 14:34; I Timóteo 2:11-13). Quando uma mulher se levanta para fazer uma pregação, exercendo assim, a liderança sobre os homens, ela está frontalmente desobedecendo a palavra do Senhor. Porém, com isso, não quer dizer que a mulher não pode fazer nada pela causa de Cristo. Muito pelo contrário, a mulher pode e deve ser uma ferramenta útil nas mãos do Senhor. O mesmo apóstolo que ordenou que as mulheres aprendessem em silêncio nas igrejas, mais tarde disse: "E peço a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no Evangelho..." (Filipenses 4:3). Paulo está se referindo às duas mulheres (Evódia e Síntique) que aparentemente estavam tendo alguns problemas pessoais. Mas o que nos chama a atenção é Paulo (chamado por muitos de machista) dizendo que essas duas mulheres trabalharam com ele no Evangelho. A mulher Samaritana também serve como exemplo de que a mulher pode ser muito útil na causa do Senhor. A mulher Samaritana, a mando de Cristo, foi à cidade e convidou (não pregou) aos homens e disse: "Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo?" (João 4:29-30). Sim, esta mulher fez algo muito importante, pois ela foi convidar os homens da cidade a virem até onde Cristo estava. Isto as mulheres podem fazer nos dias de hojem também. As convertidas, na semelhança da mulher Samaritana, podem convidar homens, seus conhecidos e amigos, a virem à Igreja para ouvir a pregação do Evangelho. Algumas mulheres que foram milagrosamente curadas por Cristo, acompanhavam-no e o serviam com as suas posses (Lucas 8:1-3). Aprendemos, então, que as mulheres podem fazer muito em prol do Evangelho. Hoje em dias, em nossas igrejas, as irmãs têm contribuído muito, principalmente quando usam os seus dons musicais, ajudando com suas vozes e, mesmo nos intrumentos musicais, como pianos, teclados, acordeons etc. Elas colaboram desta maneira sem exercer nenhuma liderança sobre os homens. Quantas irmãs têm sido úteis no Evangelho como educadoras de crianças, encaminhando-as a Cristo como Salvador.
6. O QUE É CHAMADO DEVE OBEDECER IMEDIATAMENTE
Quando alguém se sente chamado para o ser pastor, evangelista ou pregador, não deve hesitar, mas sem delongas aceitar a chamada de Deus. Temos o exemplo do apóstolo Paulo, que quando chamado, não questionou com Deus, mas imediatamente aceitou o grande desafio de ser usado pelo Senhor. Veja Gálatas 1:16-17. Também o profeta Isaías, no Antigo Testamento, é um exemplo de obediência imediata quando sentiu que Deus o estava chamando para o ministério: "Depois disso ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim". (Isaías 6:8). O chamado por Deus para pregar o Evangelho não deve esquecer que os anjos também desejariam desempenhar este glorioso serviço. "...para as quais coisas os anjos bem desejariam atentar" (I Pedro 1:12). Os anjos são numerosíssimos, pertencentes a muitas ordens diferentes, dotados de grande inteligência, poder e autoridade, e alguns deles são dirigentes de vastas regiões dos mundos celestiais. Veja Efésios 1:21 e Apocalipse 19:17. Aceitar a chamada de Deus para o trabalho de anunciar o Santo Evangelho, é o que de mais honroso se poderia almejar. Muitos se enchem de orgulho pelo simples fato de ser aprovados num concurso do Banco do Estado, do Banco do Brasil, do Banco Central etc. Outros se acham agraciados por ocuparem altos cargos nas mais altas hierarquia do Governo ou de uma grande empresa de prestígio internacional. Mas digo com toda a convicção, que nenhum cargo na terra, por mais importante que seja entre os mortais, se eqüivale ser chamado por Deus para o seu santo serviço. Há vária maneiras de pregar o Evangelho de Cristo. Você pode falar com um amigo ou amiga. Podemos ir a um hospital ou presidiário e, então expor com humildade, a mensagem aos doente ou presos.
7. EXEMPLOS DE ALGUNS HOMENS CHAMADOS E USADOS POR DEUS
Gostaria de relacionar alguns homens, que apesar de serem fracos e vulneráveis ao pecado, Deus os usou poderosamente para desempenhar alguns trabalhos especiais: - Moisés foi chamado especialmente para tirar o povo da escravidão do Egito (Êxodo 3:10). - Deus chamou Josué para liderar o povo de Israel em direção da terra prometida (Josué 1:1-2). - Samuel foi usado para ser o último grande Juiz da nação Hebraica e ajudar o povo a escolher o primeiro rei de sua história (I Samuel 3:1-14; 8:6-7; 10:1). - Davi, o segundo rei da história de Israel, foi chamado pelo Senhor para substituir Saul que deixara Israel com moral baixa (I Samuel 16:11-13). - Salomão foi chamado por Deus para dar continuidade ao reinado de seu pai, o rei Davi (I Reis 1:37 e 2:1-4). - Jonas foi chamado para pregar a um povo estranho às alianças de Deus, o povo de Nínive (Jonas 1:1-2). - Jesus chamou os doze apóstolos para estarem ao seu lado e, também, para serem os primeiros fundamentos de sua Igreja (Lucas 9:1-6; I Coríntios 12:28). - Paulo, o apóstolo aos gentios, foi chamado pelo Senhor para sofrer pelo seu nome (Atos 9:15-16). - Timóteo, o jovem companheiro do apóstolo Paulo, foi chamado para trabalhar na causa do Evangelho (I Timóteo 4:14-15). - Alguns são chamados para exercerem o pastorado da igreja e outros são chamados para o honrado trabalho diaconato (Atos 6:1-6 e I Timóteo 3:1-10).É bom lembrar novamente, que, quando alguém é chamado por Deus para pregar o Evangelho, não se deve questionar o Todo-Poderoso. Lembremos de Moisés e como ele queria fugir, mas não pôde (Êxodo 4:10-17). Outro homem que procurou "tirar o corpo fora" foi Gideão, mas também não pôde (Juízes 6:14-15). Poderíamos ainda falar do profeta Jonas, que ao ser chamado para pregar aos ninivitas, ele procurou fugir desta grande responsabilidade (Jonas 1:1-4).
8. AS DIFICULDADES NA VIDA DO PREGADOR
A vida de quem prega o Evangelho de Jesus Cristo é marcada de muitos obstáculos e dificuldades. É lamentável que a maioria não compreende a vida daquele que se entrega para o serviço de Deus. Aqueles que acham que a vida do pregador, evangelista ou pastor é "moleza", são os que menos cooperam na causa do Evangelho. Todo pregador do Evangelho, mais cedo ou mais tarde, será criticado. Porém, a crítica mais dolorida não é tanto dos descrentes, pois deles é de se esperar qualquer tipo de crítica, mas as que mais ferem o pregador são aquelas que vêm de pessoas que estão no rol da membros da igreja. Paulo sofreu este ataque de alguns membros da Igreja de Corinto (I Coríntios 4:3; II Corintios 10:10-13; II Coríntios 11:6). Outro exemplo de crítica ferina que abala o pregador ou dirigente encontra-se no livro de Números quando Arão e Míriam criticaram a Moisés devido o seu casamento com a mulher cuhita (Números 12:1-15). Deus, entretanto, tomou as dores de Moisés e deu uma dura reprimenda em Arão e Míriam por terem falado contra Moisés. Não sei o porquê, mas Deus foi muito mais severo com Míriam, irmã de Moisés, deixando-a leprosa (Números 12:10). Outra dificuldade que o pregador, evangelista, pastor ou qualquer dirigente de igreja depara em seu caminho, é quando algumas pessoas o considera como um "superstar" ou "super-espiritual". Há pessoas, por incrível que pareça, que consideram o pastor ou dirigente de igreja um "semi-deus". É claro que o pastor ou pregador deve ser exemplo em tudo, mas considerá-lo como alguém que tem a solução para todos os tipos de problemas, é o cúmulo do absurdo. Creio que todo pregador mais cedo ou mais tarde terá de enfrentar esse tipo de problema. A nação de Israel caiu grave neste erro quando achou que seu líder era um "super-homem". Moisés não agüentou a pressão de tanta "choradeira" do povo e disse a Deus: "Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juramento prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso levar a todo este povo, porque me é pesado demais. Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria" (Número 11:12-15). Quando o pregador é pressionado desta maneira, a sua reação é semelhante à de Moisés. Mas com o tempo o pastor ou dirigente de uma igreja aprende a se esquivar de tais problemas, mas naturalmente, isto se aprende depois de muitos anos no "batente". Antigamente eu perdia noites de sono com alguns problemas que membros de minha igreja me traziam. Eram problemas que estavam além de minha capacidade. Eram questões familiares, tais como: brigas de esposo e esposa; pais que vinham reclamar de um determinado filho rebelde; alguns dizendo que precisavam de emprego; outros que diziam que estavam com falta de dinheiro etc. Ora, esses tipos de questões o pastor ou dirigente de igreja não pode solucionar. Podemos e devemos orar a Deus, e esperar que Ele dê a solução ao problema. Se o pastor ou dirigente de igrejas forem ajudar financeiramente os irmãos pobres, então precisaria de uma fortuna tal como a do Bill Gates ou de qualquer outro bilionário deste mundo. Porém, como é o caso de muitos pastores e dirigentes, eles estão na lista dos mais pobres de suas igrejas. O pastor ou pregador do Evangelho deve aprender que sua principal ocupação é cuidar do rebanho de Deus e procurar ganhar almas para Cristo. Que nós, pastores e pregadores, aprendamos agir como Cristo: "Homem, quem me constituiu a mim como juiz ou repartidor entre vós?" (Lucas 12:14). As dificuldades financeiras e as diferenças sociais são uma realidade, porém, o pastor ou dirigente não pode fazer nada para resolver esta questão. As Sagradas Escrituras dizem que os pobres sempre existirão na terra. Veja Deuteronômio 15:11 e Mateus 26:11.
9. A PREGAÇÃO
Vamos agora falar da pregação. Pregar significa anunciar, divulgar, proclamar em alta voz uma determinada mensagem. Qual é a mensagem que o pregador deve proclamar? A mensagem da Bíblia. A Bíblia e somente a Bíblia que o pregador deve anunciar. As Sagradas Escrituras é a fonte inesgotável da mensagem de Deus. Suas páginas inspiradas contêm tudo o que precisa o servo de Deus para o desempenho eficiente da missão de pregar. Este maravilhoso Livro apresenta variado material para o abastecimento perene do obreiro: poesia, história, biografia, doutrina, profecia... A Bíblia tem uma palavra adequada para cada ouvinte, em todo o tempo e em qualquer circunstância: é pão para o faminto, água para o sedento, alívio para o amargurado, conforto para o perseguido e luz para o duvidoso. Não podemos negar o valor da psicologia, da filosofia e da antropologia, mas recorrer a esses valores para convencer o homem de seu estado pecaminoso, é atingir as raias do absurdo!!! O apóstolo Paulo reconheceu o valor das Escrituras Sagradas, quando disse: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra" (II Timóteo 3:16-17). Jeremias, o profeta do Antigo Testamento, também reconheceu o valor da Palavra do Senhor, quando ouviu de Deus as seguintes palavras: "Não é a minha Palavra como fogo, diz o Senhor; e como martelo que esmiúça a pedra?" (Jeremias 23:29). O famoso rei Davi disse: "Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos" (Salmos 19:8). Portanto, não podemos deixar de reconhecer que o Livro Divino contém tudo quanto o pregador ou pastor precisa em seu trabalho. É muito importante que o pregador examine a sua Bíblia de diferentes modos, evitando assim o enfado ou monotonia e tornando o estudo mais atraente e proveitoso. Deve considerá-la como um todo, procurando vê-la de maneira ampla ou geral, como alguém que, de avião, contempla panoramicamente determinada cidade. A seguir, procure estudar livro por livro, a fim de compreender os ensinos principais, os fatos salientes de cada um deles, inclusive o autor, a data, as circunstâncias históricas, a quem foi dirigida a sua mensagem e com que intento. Depois estude os seus capítulos mais notáveis, os quais apresenta verdades profundas e essenciais. Então procure os textos que se destacam pelo seu valor e profundeza, buscando sempre entender o seu verdadeiro sentido.
10. TIPOS DE PREGAÇÃO
Todos apreciam a variedade. Em razão disso, o pregador deve esforçar-se para não se escravizar a um só tipo de mensagem, o que prejudicaria o seu trabalho. Porém, ele tem que expor ao povo do Senhor "...todo o conselho de Deus" (Atos 20:27). Nunca esquecer que em determinadas ocasiões, o pregador deve trazer uma mensagem apropriada. EXEMPLO: Num velório, a pregação deve ser mais séria; o pregador deve trazer uma mensagem de esperança às pessoas que assistem. O servo de Deus deve ter sempre em mente que numa ocasião desta, as pessoas estão mais receptivas do que, quando assistem culto em uma festa de aniversário ou de casamento. No livro de Eclesiastes encontramos as sábias palavras do rei Salomão: "Melhor é ir à casa de luto (velório) do que ir à casa onde há banquete (festa); porque naquela (no velório) se vê o fim de todos os homens, e os vivos (que estão no velório) o aplicam ao seu coração" (Eclesiastes 7:2). Há vários tipos de sermões, e naturalmente todos eles são úteis, mas aquele que prega o Evangelho deve aprimorar-se no tipo de sermão que mais lhe agrada. Porém, os tipos de sermões mais usados e conhecidos são estes três: TÓPICOS, TEXTUAL E EXPOSITIVO. Vejamos então, através de exemplos, como se desenvolve estes três tipos de sermões:
10.1 Sermão Tópico:
quando um assunto se desenvolve através de comparação de diversos trechos da Bíblia. Muitos pregadores usam este tipo de sermão, pois a vantagem de ser usado facilita com que o pregador apresente um assunto mais completo. Jesus e seus apóstolos fizeram uso largamente deste tipo de sermão. Vamos ilustrar aqui alguns sermões deste tipo:
I - Palavra da Cruz - I Coríntios 1:18-31.
1) Mensagem do amor divino; 2) Mensagem da dor ou do sofrimento; 3) Mensagem do perdão; 4) Mensagem da vitória.
II - "Vinde" - Lucas 14:15-24.
1) Uma necessidade (do homem); 2) um apelo (de Deus); 3) Uma oportunidade (para todos); 4) uma responsabilidade (dos que escutam o convite)
III - Símbolo e Realidade - Números 21:1-9.
A serpente de metal como um perfeito tipo de Cristo: 1) Providenciada por Deus; 2) Para socorrer a um povo aflito; 3) Semelhante, mas distinta; 4) Levantada; 5) O alvo da fé; 6) O suficiente.
9.2 Sermão Textual:
quando não apenas o assunto, mas de igual modo os pontos ou divisões são extraídos do próprio versículo. Assim, o pregador analisa mais minuciosamente o conteúdo do texto, explicando as suas verdades, ou salientando as suas frases. As divisões da mensagem correspondem exatamente às cláusulas do versículo sobre o qual está baseada. É de grande utilidade este método, pois consiste na interpretação do texto da maneira mais completa. Vejamos alguns exemplos de sermões textuais:
I - A Mensagem do Evangelho - Atos 17:30-31
1) Divina: "Deus"; 2) Perdoadora: "Não tendo em conta os tempos da ignorância; 3) Urgente: "Agora"; 4) Universal: "A todos os homens, em todo o lugar"; 5) Definida: "Que se arrependam"; 6) Responsabilidade dos que a ouvem ou perigo de desprezá-la: "Há de julgar o mundo com justiça".
II - Os verdadeiros seguidores de Cristo - João 10:27-28.
1) Obedientes: "ouvem a minha voz"; 2) Dedicados: "me seguem"; 3) Salvos: "dou-lhes a vida eterna"; 4) Seguros: "nunca perecerão"; 5) Protegidos: "Ninguém as arrebatará da minhas mãos" Ou, ainda, estes outros:
Sal 9:17
Baseando-nos no Salmo 9:17, usamos o seguinte esboço: l) Uma classe: os ímpios; 2) uma punição: serão lançados; 3) U lugar: o inferno; 4) Uma atitude: esquecimento de Deus.
Mat 8:11
Usando Mateus 8:11, pregamos um sermão com as seguintes divisões: 1) A maior garantia - "EU vos digo"; (a palavra infalível de Cristo); 2) A mais sábia escolha: "virão"; 3) A mais ampla oportunidade: "do Oriente e do Ocidente" (isto é, todos, a humanidade inteira); 4) O melhor descanso: "sentarão"; 5) A mais doce companhia: "Abraão, Isaque e Jacó" (todos os remidos); 6) A mais feliz habitação: "o reino de Deus", o céu. Concluindo, analisamos, por contraste: 7) A mais lamentável tragédia: ser lançado fora (por desprezar o Evangelho).
3º) Sermão Expositivo:
é uma exegese da Escritura, a análise de um trecho da Bíblia, com maior número de pormenores. Tem sido, por certo, o tipo menos popular. Sem dúvida alguma, esse tipo de sermão exige um estudo sério, uma meditação profunda. A essência do sermão expositivo é a explicação detalhada de um trecho das Escrituras Sagradas escolhido pelo pregador. Para este tipo de sermão, exige-se da parte do pregador um cuidado especial, pois, se a exposição do trecho não for bem claro em sua explanação, haverá da parte dos ouvintes uma interrogação ("no ar") pelo fato de não te entendidos a mensagem. O sermão expositivo possibilita maior conhecimento bíblico tanto para o pregador, como para os ouvintes. É um método rápido e eficaz para o fortalecimento ou edificação da igreja; dá mais honra à Palavra inspirada; a interpretação é mais exata, mais fiel, pois o mensageiro não tem oportunidade de afastar-se do texto sob o impulso da imaginação, e, enfim, a persistência ou hábito no seu uso torna-se uma grande bênção para o obreiro. Vamos mostrar alguns sermões bíblicos desta categoria:
I - A Mulher Cananéia - No trecho de Mateus 15:21-28.
1) Sua posicão - estrangeira; 2) Sua necessidade - a filha enferma; 3) - Seu embaraço - aparente indiferença de Jesus e repreensão do povo; 4) - Sua humildade, perseverança e fé; 5) - Resultado: a cura.
II - A história do cego de nascença - No capítulo 9 de João.
1) - Sua condição - cego, mendigo; 2) - Sua oportunidade: encontrar-se com Jesus; 3) - Sua atitude - obediência, fé, persistência; 4) - Sua cura - imediata, completa; 5) - Sua prova- as oposições; 6) - Seu testemunho corajoso - vs. 16, 33 e sobretudo o 25.
III - A parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-24)
Podemos considerar as diferentes atitudes do moço ou as suas várias situações. 1) - Arrogância - "da-me"; 2) - Dissipação - "gastou tudo"; 3) - Ruína total - padecendo necessidade; 4) - Humilhação - procurando emprego; Despertamento - "caiu em si"; 6) - Decisão - voltando ao lar; 7) - Recompensa - a recepção festiva.
IV - Uma série de condições para se ser salvo, encontramos no trecho clássico de Isaías 55:1-8.
1) - Ter sede; 2) - Vir a Cristo; 3) - Receber de graça; 4) - Não demorar; 5) - Abandonar a vida pecaminosa.
Creio que os exemplos destes três tipos de pregação são mais do que suficientes para aqueles que porventura podem aproveitar este estudo.
Obras Bibliográficas usadas neste trabalho:
Ajuda a Pregadores Leigos, de Edgar Leitão. Exposição do Novo Testamento, de Walter L. Liefild A arte de pregar o Evangelho, de Plínio Moreira da Silva

A pregação ao longo da historia

A pregação ao longo da historia

1.1 A Contemporaneidade na Pregação Apostólica
Quando pensamos em pregação apostólica, tendo por fonte de pesquisa o Novo Testamento, ficamos restritos a dois expoentes na pregação da Igreja Primitiva: Pedro e Paulo. O primeiro muito mais pelo sermão pregado no Pentecostes (Atos capítulo 2) e o sermão incompleto pregado na casa de Cornélio (Atos capítulo 10). Com relação a Paulo, temos os sermões transcritos em Atos, o primeiro na sinagoga de Antioquia da Psídia (capítulo 13), o segundo no Areópago, em Atenas (capítulo 17) , o terceiro em Mileto, aos anciãos da Igreja em Éfeso (capítulo 20) , o quarto ao povo judeu irado, em Jerusalém, o que na verdade não pode ser considerado um sermão, mas um testemunho pessoal (capítulo 22) e o derradeiro na presença do rei Agripa (capítulo 26). Além disso, as treze epístolas atribuídas à autoria paulina igualmente podem nos auxiliar neste intento.
Quanto à pregação de Pedro, pouco podemos analisar face a falta de esboços. Entretanto, podemos assegurar que atingiu em cheio o objetivo da pregação pela resposta dada pela população, conforme nos assevera a Bíblia, quando quase três mil almas se converteram seguida pela mesma resposta na casa do oficial romano.
Sabemos ser improvável que Lucas tenha registrado as palavras exatas de Pedro, mas, certamente, registrou a essência do sermão pregado pelo apóstolo. Tal sermão visou provar tanto pela profecia de Joel como pelo salmo de Davi que Jesus era verdadeiramente o Messias, e que este ressuscitara dentre os mortos. Tão bem sucedido foi o pregador que os ouvintes o inquiriram acerca de que atitude deveriam tomar.
Podemos afirmar que Pedro utilizou-se exatamente das ferramentas adequadas para tratar com israelitas de diversas nacionalidades: ele os chama "israelitas" e não judeus, justamente porque a segunda forma de tratamento pressupunha que habitavam em Judá; além disso utiliza argumentação puramente veterotestamentária para persuadi-los.
Outro fato a destacar é que o próprio Espírito Santo cooperou para que não houvessem barreiras na comunicação da Verdade, pois Ele deu a cada israelita estrangeiro a oportunidade de ouvir na sua própria língua o testemunho dos discípulos. No envio de Pedro à casa de Cornélio, por obra do Espírito - que convenceu o apóstolo reticente e lhe possibilitou compreender que o Evangelho era igualmente destinado aos gentios - encontramos outro exemplo de que o próprio Espírito Santo ensina o caminho da contextualização.
O material acerca da pregação do apóstolo Paulo é muito mais farto, justamente por que o livro de Atos lhe dá especial destaque. Além disso temos toda a sua produção literária constituída por suas epístolas que muito nos podem auxiliar na averiguação do estilo de pregação do apóstolo. C. H. Dodd ressalta a riqueza de informações que o Novo Testamento nos apresenta acerca de Paulo e, com base nestas informações, enaltece a inteligência e a versatilidade da pregação do apóstolo.
As cartas de Paulo são intensamente vivas - vivas como poucos documentos chegados até nós de tão remota antiguidade. Elas nos dão não um mero esquema de pensamento, mas um homem vivo. Era uma pessoa de extraordinária versatilidade e variedade.(...) Era igualmente alguém capaz de aplicar a fria crítica da razão aos seus próprios sonhos, e de julgar com sereno equilíbrio o valor verdadeiro dos fenômenos anormais da religião. (...) O seu pensamento é forte e sublime, mais aventuroso que sistemático. Possuía uma inteligência colhedora e uma faculdade de assimilar e usar as idéias dos outros, o que é um grande atributo para quem tenha uma nova mensagem para propagar; sabia pensar nos termos das outras pessoas.
É justamente esta habilidade última observada por Dodd, de que Paulo sabia pensar nos termos das outras pessoas, que ressalta a contemporaneidade de sua pregação.
No congresso realizado na cidade suíça de Lausanne, em 1974, o missiólogo Michael Green asseverou dentre várias características da evangelização por parte da Igreja Apostólica, que esta era flexível em sua mensagem. Para ele aquela Igreja adaptava-se ao público e às circunstâncias, de acordo com a necessidade do momento, com a cultura, o lugar, o povo. Esta flexibilidade é característica na pregação do apóstolo Paulo.
Especificamente acerca da pregação do apóstolo Paulo, o Dr. Shepard enaltece sua personalidade e a capacidade de adaptar-se às circunstâncias, classificando-o como "o maior dos pregadores, exceto Cristo".
Foi uma personalidade altamente enriquecida, tanto dos dons hereditários como de educação aprimorada. Nos seus discursos, às vezes, a veemência da natureza corre como o rio, avolumado por chuvas torrenciais; às vezes aparece tão terna e mansa a sua palavra como o amor de mãe. O seu fim no trabalho foi a edificação do caráter cristão. A sua habilidade de adaptar-se às circunstâncias do seu ministério parecia infinita. Os seus sermões eram a lógica personificada, uma correnteza de argumento e apelo que levava tudo de vencida, na sua força irresistível. (...) Majestoso pelo seu intelecto estupendo, versatilíssimo, poderoso no uso da palavra, incansável, infinito em adaptabilidade, esse gênio natural, reforçado pelo preparo mais completo, entregue nas mãos de Deus, representa nas cenas da história o papel de verdadeiro gigante espiritual proeminente na lista dos heróis da fé...
Assim, não resta dúvidas de que um dos pontos altos da pregação de Paulo era sua habilidade em contextualizar-se para alcançar a relevância junto a seus ouvintes. Podemos ainda destacar com relação à pregação apostólica registrada no Novo Testamento, que era essencialmente bíblica, referindo-se fartamente a textos do Antigo Testamento, que era Cristocêntrica, pois a cruz de Cristo era o ponto central, além de flexível em sua forma.
Sendo bíblica e contextualizada, a pregação apostólica nos serve de modelo pois, é justamente este binômio que entendemos ser fundamental à pregação eficiente.
A flexibilidade da mensagem se expressa muito bem também nos sermões pregados por Pedro, Estevão, além dos pregados por Paulo em Atos e nas cartas endereçadas às várias Igrejas. Aos judeus o tema da mensagem foi "Jesus o Messias e o Servo Sofredor", isto claramente posto na pregação de Pedro no Pentecostes e no discurso de Estevão. Aos romanos a temática foi a "justificação e o senhorio de Cristo", conforme bem podemos perceber na epístola aos Romanos; e aos gregos o tema da pregação foi "a ressurreição dos mortos " e "O Logos de Deus".
Isto também é observado por Orlando Costas, ao afirmar que todo pregador necessita ter em conta a cultura de seus ouvintes se é que deseja comunicar-se eficazmente. Ele nota nos pregadores bíblicos a capacidade de refletir profundamente sobre a cultura de seu tempo e cita como exemplos os apóstolos Paulo e João:
Paulo se acerca dos filósofos estóicos em Atenas fazendo uso das próprias categorias deles, lhes fala do deus desconhecido e capta sua atenção. Daí passa ao problema básico dos gregos: a ressurreição dos mortos, e especificamente, a ressurreição de Cristo (Atos 17). João toma emprestado um termo da filosofia clássica grega (logos) para comunicar a fé cristã, usando, pois, os símbolos característicos de sua cultura, e expõe ante seu mundo a mensagem cristã. Desta forma, o Novo Testamento nos oferece elementos para dizermos que a Igreja Primitiva cumpria seu papel de pregação da Palavra eficientemente, porque era bíblica e, ao mesmo tempo, flexibilizava a mensagem, levando em conta a realidade dos ouvintes.

1.2 A Contemporaneidade na Pregação Pós-Apostólica
Segundo G. Burt, o período que seguiu o dos pais apostólicos foi assinalado por uma decadência. Ele afirma que o material homilético dos três séculos seguintes ao apostólico, é muito escasso. Mesmo assim cita algumas instruções de Clemente de Roma, Ignácio e Dionísio, no primeiro século, Aniceto no segundo e Cipriano, no terceiro.
L. M. Perry e C. Sell referem-se a Clemente de Roma (30-100 AD) como um pregador de objetivos éticos e que conseguia, através de suas mensagens, propiciar "consolo para as pessoas que atravessavam tribulação". Outro pregador deste período destacado por estes autores é Tertuliano ( 150-220 AD). Este teria sido um pregador exímio através de mensagens acerca da paciência e da penitência.
Um período de ascensão da oratória na Igreja iniciou-se no quarto século, quando a partir de então floresceram Ambrósio, Basílio, Gregório, Crisóstomo e Agostinho, os mais célebres pregadores da Igreja Antiga. Outros pegadores dos primeiros séculos, dignos de serem citados, são Orígenes, Lactâncio, Jerônimo e Cirilo de Alexandria, dentre outros, dos quais temos somente discursos e homilias. Destes pregadores, conforme Burt, destacam-se Crisóstomo e Agostinho, que trouxeram relevante contribuição à literatura Homilética.
A obra Peri Hierosynes, ou "De Sacerdócio", de Crisóstomo, escrita no início de seu ministério, expressa, ainda que indiretamente, alguns preceitos fundamentais para a Homilética da época:
1. O clérico - ou ministro - deve ser prudente e douto; 2. Deve possuir alocução fácil; 3. Deve conhecer as controvérsias entre gregos e judeus; 4. Deve ser hábil na dialéctica (como Paulo, não menos grande na arte de falar do que nos escritos e ações); 5. Há necessidade de um longo e sério preparo para o ministério; 6. É indispensável o desdém pelos aplausos humanos; 7. Cada sermão deve ser um meio de glorificar a Deus.
Parece-nos que a capacidade de flexibilizar a mensagem a ponto de torná-la adequada ao contexto dos ouvintes ainda que não esteja explicitamente anunciada acima, pode ser compreendida nas entrelinhas destas afirmações. Entretanto, parece óbvio que a maior preocupação era para com a oratória e a dialéctica. Ao referir-se a este mesmo pregador o Dr. Shepard ressalta que ele foi proeminente entre os principais pregadores de todos os tempos. Refere-se à sua instrução na ciência do direito, do seu intelecto extraordinário e de seu despontamento como mestre no discurso argumentativo e da retórica. Ainda sobre Crisóstomo, Shepard destaca que "conhecia a natureza humana e nos seus discursos jamais se esqueceu de que os seus argumentos eram para convencer o povo". Para este autor os sermões de Crisóstomo refletem de modo vivo as condições do seu tempo. Outra característica deste célebre pregador era sua simplicidade, sua clara preocupação em falar ao povo de sua época. Shepard enaltece a capacidade de Crisóstomo de interpretar a Palavra e de aplicá-la às necessidades do povo de sua época.
Na verdade, João de Constantinopla (c. 347-407), que era natural de Antioquia da Síria e filho de mãe cristã, foi bispo de Constantinopla. Quando ocupou este tão importante cargo seu primeiro objetivo foi reformar a vida do clero. Justo Gonzales relata que alguns sacerdotes que diziam ser celibatários tinham em suas casas mulheres que chamavam de irmãs espirituais, e isto escandalizava a muitos. Além disso, outros cléricos haviam se tornado ricos e viviam em grande luxo e o trabalho pastoral da Igreja era negligenciado.
As finanças foram submetidas a um sistema de controle detalhado. Os objetos de luxo que havia no palácio do bispo foram vendidos para dar de comer aos pobres. (...) É desnecessário mencionar que isto tudo, apesar de lhe conquistar o respeito de muitos, também lhe granjeou o ódio de outros.
O empenho do bispo de Constantinopla não limitou-se apenas ao clero. Seus sermões exortavam os leigos a que levassem uma vida nos moldes dos princípios cristãos:
Este freio de ouro na boca do teu cavalo, este aro de ouro no braço do teu escravo, estes adornos dourados em teus sapatos, são sinal de que estás roubando o órfão e matando de fome a viúva. Depois de morreres, quem passar pela tua casa dirá: "Com quantas lágrimas ele construiu este palácio? Quantos órfãos se viram nus, quantas viúvas injuriadas, quantos operários receberam salários injustos?" Assim, nem mesmo a morte te livrará dos teus acusadores.
Eis aí um exemplo de pregador contextualizado ao seu povo. Ele recebeu o título de "Crisóstomo" ( língua de ouro) cerca de 100 anos após a sua morte, face ao respeito que conquistou com seus sermões, tratados e cartas publicados. A história nos conta que Crisóstomo morreu no exílio, nas montanhas da Ásia Menor.
O outro grande pregador destacado neste período foi Agostinho de Hipona (354-430).Tido por muitos como o maior teólogo da antiguidade, converteu-se em Milão em meio a uma exortação ouvida por acaso num jardim, tirada de Romanos 13:13-14; foi batizado por Ambrósio em 387.
Antes de sua conversão fora mestre de retórica; por isso em suas obras podem ser encontradas muitas instruções quanto à oratória, especialmente na obra De Proferendo, um dos quatro livros que constituem a sua Doctrina Christiana. Dela podemos retirar o conceito de "ótimo pregador" de Agostinho: "É aquele de quem a congregação ouve a Verdade, compreendendo o que ouve". Para Agostinho a vitória do pregador consistia em levar o ouvinte a agir. A pregação atraente devia ser temperada de sã doutrina e gravidade.
Agostinho foi ordenado bispo em Hipona, no norte da África, em 395. Dentre seus escritos merece atenção especial as suas Confissões, uma autobiografia onde o conta a Deus, em oração, suas lutas e peregrinação. É tida como uma obra única em seu gênero na antiguidade. Outra obra a destacar é A Cidade de Deus, escrita sob a motivação da queda da cidade de Roma, em 410, e tida como a maior de todas as suas obras literárias. Nesta, Agostinho responde àqueles que afirmavam que Roma tivesse caído porque se tinha entregue ao cristianismo e abandonado os velhos deuses que a tinham feito grande.
Dennis F.Kinlaw enaltece grandemente tanto a obra literária como a pregação de Agostinho. Para ele o bispo de Hipona exemplifica o dever de todo pregador em ser um intérprete de sua época. Este autor sugere a leitura do sermão pregado por Agostinho no primeiro domingo após o recebimento da notícia de que Roma caíra nas mãos dos invasores godos, liderados por Alarico, em 410, como um digno exemplo de sermão contextualizado. Kinlaw define Agostinho como um homem de "visão clara de onde se encontrava a humanidade na sua peregrinação para Deus".
No intento de comprovarmos a preocupação com a mensagem contextualizada por parte dos pregadores na história da pregação, reconhecemos que após o ápice alcançado com Crisóstomo e Agostinho, houveram pelo menos sete séculos de obscurantismo. O Dr. Ruben Zorzoli, professor do Seminário Internacional de Buenos Aires, decreve este período como tendo sido marcado "por completa escuridão e declínio".
Segundo Zórzoli, alguns fatores que contribuiram para este declínio foram a corrupção do clero, o crescimento das formas litúrgicas (que substituíram o lugar da pregação), a elevação da função sacerdotal sobre a do pregador, as controvérsias doutrinais, e o declínio no conteúdo da pregação pelo uso extremo da alegorização bíblica.
O Dr. G. Burt comenta que nesta época utilizava-se a postilla, uma brevíssima paráfrase do texto bíblico, e que apenas alguns privilegiados tinham direito a assistí-la. Estes privilegiados eram chamados akpoumenoi na Igreja grega e audientes na latina.
Nos séculos XII e XIII houve uma recuperação no prestígio da pregação. Zorzoli ressalta como motivos desta mudança as reformas na vida do clero, instituídas pelo papa Gregório VII; o avivamento intelectual resultante do escolasticismo e que elevou o conteúdo da pregação; a propagação de seitas heréticas que faziam uso da pregação - o que constrangeu a Igreja Católica a reagir; as cruzadas, que se utilizavam da pregação na mobilização das massas populares, e o uso crescente do idioma popular na pregação.
O mesmo autor assevera que, apesar desta recuperação, este período da história da pregação ainda foi marcado pelos erros, dentre os quais destaca o uso do material extra bíblico como se fosse bíblico, a interpretação e aplicação equivocados, o uso extremo da alegoria e a frequente falta de texto bíblico nas mensagens.
Com o surgimento das ordens missionárias dos Franciscanos e Dominicanos, no século XIII, a pregação ganha mais notoriedade.
A preocupação de falar ao povo, de contextualizar-se à realidade dos ouvintes, parece existir numa obra de Guibert de Nogent, abade francês que morreu em 1124. Dentre os seus preceitos homiléticos destacam-se os seguintes: o pregador deve exercitar o seu talento o mais frequentemente possível, nunca deve assumir o púlpito sem ter orado, deve ser breve, dar preferência a assuntos práticos e não dogmáticos. Conclui que "poucas coisas ouvidas e guardadas valem mais que muitas que passem pela cabeça do auditório, sem penetrar nem a inteligência, nem a consciência."
Perry e Sell destacam deste período alguns pregadores. Um deles é o alemão Berthold von Regensburg (1220-1272) que, com seus sermões práticos "atacou os pecados de todas as classes na época de um grande interregno na Alemanha". Acrescentam ainda que Regensburg buscava sempre atingir as necessidades do povo. Destacam também o inglês John Wycliffe (1329-1384), igualmente realçado como um pregador "prático, que se dedicou ao cuidado das almas".
Já nos séculos XIV e XV houve um novo declínio na ênfase da pregação, quando esta deixou de priorizar a população, dando lugar ao intelectualismo árido do escolasticismo. Além disso, contribuíram para isto o período de estabilidade que passava a Igreja Católica, sem as ameaças hereges. Um novo despertamento viria com o século XVI e a Reforma
1.3 A Contemporaneidade na Pregação dos Reformadores
A Reforma marca um avivamento na pregação. Como fatores mais importantes deste avivamento Zórzoli destaca a nova ênfase na pregação como um elemento vital na vida e na adoração, tendo a mensagem proferida por um pregador voltado ao lugar que a missa havia ocupado. Além disso, o mesmo autor ainda acrescenta a influência da pregação na luta contra os erros patrocinados pela Igreja Papal, a volta da utilização do texto bíblico na pregação e o refinamento dos métodos homiléticos até então utilizados.
Os precursores anabatistas, além de Lutero, Calvino e Zwinglio, atestam o restabelecimento da prioridade da pregação.
Neste período surgem obras no campo da Homilética que merecem destaque, como a Ratio Brevissima Concionandi, de Felippe Melanchton (1517) e que em sua primeira parte discorre sobre as várias partes do discurso (exórdio, narração, preposição, argumentos, confirmação, ornamentos, amplificação, confutação, recaptulação e peroração), em seguida enfoca a maneira de desenvolver temas simples, depois como trabalhar com temas complexos, e assim por diante. Constitui-se numa das principais obras do gênero, conforme Burt.
Outra obra Homilética citada pelo mesmo autor é o Ecclesiastes, Sive Concionator Evangelicus, de Erasmo (c. de 1466-1536), que dividiu-se em quatro livros: o primeiro sobre a dignidade, piedade, pureza, prudência e outras virtudes que o pregador deve cultivar; o segundo sobre estudos que o pregador deve fazer; os demais sobre figuras do discurso e o caráter do sacerdócio.
Embora Martinho Lutero (1483-1546) não tenha escrito uma obra específica sobre a arte de pregar, Burt destaca suas Palestras à Mesa, das quais resume os seguintes preceitos homiléticos:
O bom pregador deve saber ensinar com clareza e ordem. Deve ter uma boa inteligência, uma boa voz, uma boa memória. Deve saber quando terminar, deve estudar muito para saber o que diz. Deve estar pronto a arriscar a vida, os bens e a glória, pela Verdade. Não deve levar a mal o enfado e a crítica de quem quer que seja.
Ainda sobre ensinos de Lutero acerca da pregação, Burt destaca estas palavras do reformador, voltadas especificamente aos jovens pregadores:Tende-vos em pé com garbo, falai virilmente, sede expeditos. Quando fores pregar, voltai-vos para Deus e dizei-lhe: "Senhor meu, quero pregar para tua honra, falar de ti, magnificar e glorificar o teu nome". E que o vosso sermão seja dirigido não aos ouvintes mais conspícuos, mas aos mais simples e ignorantes. Ah! que cuidado tinha Jesus de ensinar com simplicidade. Das videiras, dos rebanhos, das árvores, deduzia Ele as suas parábolas; tudo para que as multidões compreendessem e retivessem a Verdade. Fiéis à vocação, nós receberemos o nosso prêmio, senão nesta vida, na futura.
Podemos perceber nestes conselhos de Lutero a preocupação de tornar a mensagem compreensível ao povo mais simples que compõe a Congregação. Esta é uma das características principais dos reformadores deste período.
Com relação a João Calvino (1509-1564), que foi pastor da Église St. Pierre, em Genebra, na Suíça, podemos destacar sua obra literária que foi amplamente distribuída e lida em todas as partes da Europa e que influenciou grandemente o movimento reformador.
Como teólogo e pastor, Calvino deu prioridade ao ensino das Escrituras, tendo escrito comentários sobre 23 livros do Antigo Testamento e sobre todos os livros do Novo Testamento, menos Apocalipse. Suas Institutas, obra composta de 79 capítulos e completada em 1559, é o principal de seus escritos.
Dentre outras coisas, Calvino é tido como um pregador preocupado com a delimitação do verdadeiro papel da Igreja na sociedade, tendo sido precursor de um grande impacto na sociedade de sua época. Ensinava que a Igreja precisava orar pelas autoridades políticas.
Comentando I Timóteo 2:2, afirmou que precisamos não somente obedecer a lei e os governantes, mas também em nossas orações suplicar pela salvação deles. Expressou também grande preocupação com a injustiça social. Comentando Salmo 82:3 , afirmou: "um justo e bem equilibrado governo será distinguido por manter os direitos dos pobres e dos aflitos". Sua pregação levou a Igreja de Genebra a batalhar contra os juros elevados, a lutar por oportunidades de empregos e tudo aquilo que era pertinente a uma sociedade secular mais humana.
Dentre os grandes pregadores do século XVI podemos destacar ainda John Knox (1514-1572), o reformador escocês. Uma de suas características marcantes foi sua visão social bem esclarecida expressa na defesa da obrigação de cada cristão cuidar dos pobres e no sistema elaborado por ele mediante o qual cada igreja sustentaria seus próprios necessitados e administraria escolas de catequese para todas as crianças, ricas e pobres.
Para Zórzoli, no geral, os séculos XVII e XVIII foram de novo declínio, com uma quase generalizada pobreza de púlpitos na Europa. Destaca pregadores como Baxter, Bunyan e Taylor, na Inglaterra, e Bossuet e Fenelon, na França, como sendo exceções no século XVII. Destaca como grandes pregadores e exceções do século XVIII, que considera marcado pela mediocridade, John e Carl Wesley, juntamente com George Whitefield, na Inglaterra, que produziram um avivamento centrado na pregação às multidões. Na América do Norte destaca Jonathan Edwards. Todos estes foram pregadores que conseguiram fazer a ponte da Palavra aos corações de multidões de pessoas.
Sobre Jonathan Edwards (1703-1758), cujo mais famoso sermão foi intitulado "Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado", pregado na Igreja Congregacional em Northampton, Massachusetts, em 1741, podemos destacar o seu sermão de despedida do pastorado daquela igreja, depois de 23 anos de ministério ali.
Ao buscardes o futuro progresso desta sociedade é de maior importância que eviteis a contenda. Um povo contencioso é um povo miserável. As contendas que têm surgido entre nós desde que me tornei vosso pastor têm sido o fardo mais pesado que tenho carregado no decurso do meu ministério - não somente contendas que tendes comigo, mas aquelas que tendes tido uns com os outros por questões de terras e outros interesses. Eu já sabia muito bem que a contenda, o espírito inflamado, a maledicência e coisas semelhantes, eram frontalmente contrárias ao espírito do Cristianismo e têm concorrido, de modo todo peculiar, para afastar o Espírito de Deus de um povo, a tornar sem efeito todos os seus meios de graça, além de destruir o conforto e o bem estar temporal de cada um. Permita-me que vos exorte com todo o vigor, que, daqui para a frente, todas as vezes que vos empenhardes na busca do vosso bem futuro, que vigieis atentamente contra ume espírito contencioso: "se quiserdes ver dias bons, buscai a paz e seguí-a"(2 Pedro 3:10-11).
Nota-se nesta transcrição da conclusão do sermão o cuidado de enfocar um assunto vivenciado pela congregação. O pregador falou ao povo sobre uma deficiência do povo. Esta contextualização da pregação determinou o sucesso e caracterizou os grandes pregadores em todos os períodos da história da pregação
1.4 A Contemporaneidade da Pregação dos Séculos XIX e XX
Há quem iguale o prestígio e eficiência da pregação do século XIX com o século primeiro, com Pedro e Paulo, e com o século IV, com Crisóstomo e Agostinho. Inegavelmente, este século foi marcado por grandes e renomados pregadores, como Finney, Brooks, Broadus, Moody, Spurgeon, Hall e Mclaren, alistados como os príncipes da pregação neste período.
Como grandes pregadores do século XIX Perry e Sell destacam, dentre outros, o norte americano Henry Ward Beecher (1813-1887). Beecher notabilizou-se pela pregação contra os vícios sociais de sua época, tendo sido líder do movimento anti escravista. Segundo estes autores, este pregador costumava pregar diretamente a respeito das necessidades pessoais de seus ouvintes.
Outro grande pregador deste período destacado por Perry e Sell é Phillips Brooks (1835-1893). Referem-se a Brooks como tendo sido um pregador "extraordinariamente sensível para com as necessidades humanas". Contam que ele costumava investir suas tardes em visitas ao seu povo, especialmente os pobres, doentes e atribulados. Transcrevem um comentário feito por um adimirador, de nome Bryce: "Brooks fala ao seu auditório como um homem fala ao seu amigo".
No intento de demonstrar a preocupação com a contemporaneidade por parte de ilustres pregadores, citamos como exemplos dois dentre estes mais destacados, Finney e Spurgeon.
Primeiramente citamos Charles G. Finney (1792-1875), que viveu uma intensa experiência de conversão em Nova Iorque, em 1821, sendo introduzido à Igreja Presbiteriana. Foi pastor presbiteriano e depois congrecionalista. Pregador avivacionalista, chega a ser apontado como "o mais ungido evangelista de reavivamento dos tempos modernos". Estima-se que mais de 250 mil almas se converteram como resultado de suas pregações.
Em sua obra Lectures on Revival (Preleções Sobre o Reavivamento), de 1835, Finney demonstrou sua esperança de que o reavivamento varresse os Estados Unidos, trazendo progresso e reformas sociais; democracia e abolição da escravidão, dentre outras consequências. Finney não pregava simplesmente sobre a vida eterna em Jesus, mas que a fé em Jesus seria o caminho para que a sociedade americana fosse redimida.
Outro ilustro pregador deste período foi o célebre Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), um um pastor batista muito influente na Inglaterra. Em 1854 iniciou um ministério de 38 anos consecutivos na capela batista na Rua New Park, em Londres e, com apenas vinte e dois anos de idade era o pregador mais popular de Londres.
Em 1861 foi edificado o Tabernáculo Metropolitano nas Ruas Elephant e Castle, um templo com capacidade de abrigar 6 mil pessoas, onde Spurgeon ministrou ininterruptamente até sua morte. Junto ao Tabernáculo foi criado um seminário e uma sociedade de colportagem que enfatizava a distribuição de literaturas. Calcula-se que 14 mil membros foram acrescentados àquela Igreja durante o ministério de Spurgeon. Teve muitos de seus sermões publicados, num total de 3.800 deles!
Na obra "Lições Aos Meus Alunos" encontramos farto material resultante de preleções deste ilustre pregador que bem podem expressar sua preocupação com a relevância que a pregação precisa encontrar nas vidas dos ouvintes. Assim Spurgeon expressa sua preocupação com o desempenho eficiente dos pregadores:
É desejável que os ministros do Senhor sejam os elementos de vanguarda da Igreja. Na verdade, do Universo todo, pois a época o requer. Portanto, quanto a vocês, em suas qualificações pessoais, dou-lhes este moto: Sigam avante. Avante nas conquistas pessoais, avante nos dons e na graça, avante na capacitação para a obra, e avante no processo de amoldagem à imagem de Jesus.
Sobre a eficiência na comunicação da Verdade ao povo, Spurgeon afirmava que o ministro só seria verdadeiramente eficiente se fosse apto para ensinar. Sobre ministros inaptos, ele asseverou em tom hilário:
Vocês sabem de ministros que erraram a vocação e, evidentemente, não têm dons para exercê-la. Certifiquem-se de que ninguém pense a mesma coisa de vocês. Há colegas de ministério que pregam de modo intolerável: ou nos provocam raiva, ou nos dão sono. Nenhum anestésico pode igualar-se a alguns discursos nas propriedades soníferas. (...) Se alguns fossem condenados a ouvir os seus próprios sermões, teriam merecido julgamento, e logo clamariam como Caim: "É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo." Oxalá não caiamos sob a mesma condenação.
Esta tão bem humorada declaração de Spurgeon demonstra sua preocupação com a relevância da pregação na vida dos ouvintes. Esta foi a característica dos ilustres pregadores desta e das demais épocas.
Com relação ao nosso século, podemos notar algumas tendências que indicam o desprestígio da pregação nas Igrejas e a perda da centralidade no minstério pastoral. Para Martyn Lloyd-Jones, que enxergava este declínio da importância da pregação na Igreja do século XX, tal desprestígio se deve, primeiramente, à perda da crença na autoridade das Escrituras. Outra razão apontada pelo autor para este declínio é o fato de "a forma ter-se tornado mais importante que a substância, a oratória e a eloquência por conseguinte, coisas valiosas por si mesmas". Tal declínio da pregação no nosso século se acentua, porque, segundo Lloyd-Jones, "a pregação tornou-se uma forma de entretenimento".
A situação da pregação na atualidade é enfocada na próxima etapa da pesquisa, onde a opinião supra citada é reforçada com depoimentos de outros autores. Nos preocupamos também em discorrer acerca das consequências deste declínio de prestígio da pregação

A Importância da Pregação Reformada

A Importância da Pregação Reformada

Paulo Anglada
A pregação, como uma forma distinta de comunicação da vontade de Deus revelada na Sua Palavra, está em declínio. Em muitas igrejas ela tem sido substituída por um número cada vez maior de atividades.
Há 30 anos atrás, o Dr. Martyn Lloyd-Jones foi convidado a proferir uma série de conferências no Westminster Theological Seminary, na Filadélfia. Nessas palestras, publicadas em 1971, com o título de Pregação & Pregadores, ele enfatizou que a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro; e explicou que estava ressaltando isso "por causa da tendência, hoje, de depreciar a pregação em prol de várias outras formas de atividade". A situação não melhorou. John J. Timmerman observou, quase 20 anos depois, que "em muitas igrejas, o sermão é uma ilha diminuindo cada vez mais em um mar turbulento de atividades".
Muitas são as razões para o declínio contemporâneo da pregação. O surgimento de novos meios de comunicação e de novas mídias interativas; a aversão do homem pós-moderno pela verdade objetiva ou absoluta; a secularização da sociedade; o afastamento do Cristianismo das Escrituras; e a própria corrupção da pregação, em muitos púlpitos degenerada em eloqüência de palavras, demonstração de sabedoria humana, elucubrações metafísicas, meio de entretenimento, ou embromação pastoral dominical; certamente são algumas delas. Uma das principais, entretanto, diz respeito à concepção moderna da pregação, muitas vezes encarada como atividade meramente humana pouco relevante, e cuja eficácia depende principalmente das habilidades naturais ou capacidade do pregador.
Todas estas tendências, influências e concepções produziram resultados devastadores sobre a pregação nos meios evangélicos. Ela se tornou como que um apêndice do culto público; e as conseqüências, sem dúvida, têm se feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declínio do lugar da pregação no evangelicalismo moderno é uma constatação seríssima. Se a teologia reformada com relação à pregação reflete o ensino bíblico, então muito do estado presente da Igreja Cristã se explica como resultado desse declínio da pregação. Meu propósito com este artigo é apresentar, resumidamente, algumas evidências históricas relacionadas à importância da pregação na fé reformada.
Em virtude da elevada concepção da pregação como vox Dei, a fé reformada atribui à proclamação pública da Palavra de Deus a maior importância. Na tradição reformada a pregação é considerada como principal meio de graça, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra, é tida como elemento central do culto, como marca genuína da verdadeira igreja, e o meio por excelência pelo qual é exercido o poder das chaves.
O Principal Meio da Graça
Na teologia reformada a pregação é um meio de graça. Ela e a ministração dos sacramentos são as ordenanças pelas quais o pacto da graça é administrado na nova dispensação.
De fato, na concepção reformada, a pregação é o meio mais excelente pelo qual a graça de Deus é conferida aos homens, suplantando inclusive os sacramentos. Os sacramentos não são indispensáveis; a pregação é. Os sacramentos não têm sentido sem a pregação da Palavra; sendo-lhe subordinado. Os sacramentos servem apenas para edificar a igreja; a pregação, além disso, é o meio por excelência pelo qual a fé é suscitada; é o poder de Deus para a salvação. Os sacramentos são como que apêndices à pregação do Evangelho. É assim que reformadores e puritanos interpretam as palavras de Paulo, em 1 Coríntios 1.17: "Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o Evangelho." Para Calvino, os sacramentos não têm sentido sem a pregação do Evangelho. Quando a ministração dos sacramentos é dissociada da pregação, eles tendem a ser considerados como práticas mágicas.
A idéia puritana quanto à relevância da pregação não é diferente. Lloyd-Jones observou que "os puritanos asseveravam também que o sermão é mais importante que as ordenanças ou quaisquer cerimônias. Alegavam que ele é um ato de culto semelhante à eucaristia, e mais central no serviço da igreja. As ordenanças, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, são subordinadas a ela". Comentando Efésios 4.11, Hodge explica o papel do pregador como canal da operação do Espírito como segue:
Assim como no corpo humano há certos canais por meio dos quais a influência vital flui da cabeça para os membros, os quais são necessários à sua comunicação, assim também há certos meios divinamente designados para a distribuição do Espírito Santo de Cristo para os diversos membros do Seu corpo. Que canais de influência divina são esses, pelos quais a igreja é sustentada e impulsionada, são claramente indicados no verso 11, onde o apóstolo diz, "Cristo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos." É, portanto, através do ministério da Palavra que a influência divina flui de Cristo, o cabeça, para todos os membros do seu corpo; de modo que onde o ministério falha, a influência divina falha. Isto não significa que os ministros, na qualidade de homens ou oficiais, sejam de tal modo canais do Espírito para os membros da igreja, que sem a intervenção ministerial deles, ninguém se torne participante do Espírito Santo. Significa, sim, que os ministros, na condição de despenseiros da verdade, são, portanto, os canais da comunicação divina. Pelos dons da revelação e inspiração, Cristo constitui uns apóstolos e outros profetas para a comunicação e registro da sua verdade; e pela vocação interna do Espírito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores, com vistas à sua constante proclamação e persuasão. E é somente - no que diz respeito aos adultos - em conexão com a verdade, assim revelada e pregada, que o Espírito Santo é comunicado.
Que graças são comunicadas por meio da pregação? A pregação é o meio pelo qual as pessoas adultas e capazes são externamente chamadas para a salvação. É a causa instrumental da fé e principal meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada, e o Reino de Deus é promovido no mundo. Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada.
A Tarefa Primordial da Igreja e do Pregador
Na concepção reformada, a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra. Em suas mensagens e escritos, os reformadores condenam insistente e duramente o clero romano por negligenciar a pregação. Incapacitados para a tarefa, os sacerdotes católicos delegavam a função a outros, e dedicavam-se a atividades secundárias, ou mesmo à ociosidade e à luxúria. A superficialidade e leviandade com que as pessoas participavam da missa era, para Lutero, culpa dos bispos e sacerdotes, que não pregavam nem ensinavam as pessoas a ouvir a pregação. Ele considera que:
... não há praga mais cruel da ira de Deus do que quando Ele envia fome [escassez] de ouvir sua Palavra, como diz Amós [8.11s], como também não existe maior graça do que quando envia sua Palavra, conforme o Salmo 107: "E enviou a sua Palavra e os sarou, e os livrou da sua perdição." Também Cristo não foi enviado para outra tarefa do que para [pregar] a Palavra; também o apostolado, o episcopado e toda ordem clerical para outra coisa não foram chamados e instituídos do que para o ministério da Palavra.
Para Lutero, "...quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote de maneira alguma... quem não é anjo [isto é, mensageiro, nota do tradutor] do Senhor dos Exércitos ou quem é chamado para outra coisa que para o angelato (por dizê-lo assim), certamente não é sacerdote... Por isso também são chamados de pastores, porque devem apascentar, isto é, ensinar... O múnus do sacerdote é pregar ... O ministério da Palavra faz o sacerdote e o bispo."
Calvino também condena repetidas vezes os sacerdotes e bispos por não pregarem o Evangelho. Comentando Atos 1.21-22, quando Barsabás e Matias são indicados para preencher a vaga de Judas no apostolado, como testemunha da ressurreição de Cristo, Calvino conclui com isso que o ensino e a pregação são funções essenciais do ministério.
A Forma de Governo Eclesiástico Presbiteriano relaciona, entre as atribuições do ministro da Palavra, juntamente com a oração e a administração dos sacramentos, "alimentar o rebanho, pela pregação da Palavra, de acordo com a qual deve ensinar, convencer, reprovar, exortar e confortar".
Esses documentos presbiterianos simplesmente refletem a concepção puritana. William Bradshaw, autor de uma das obras mais antigas sobre os puritanos, comenta que, para eles, "o mais elevado e supremo ofício e autoridade do pastor é pregar o Evangelho, solene e publicamente à pregação". Packer cita Owen para demonstrar que a pregação era, para os puritanos, "o principal dever de um pastor ... De acordo com o exemplo dos apóstolos, eles devem livrar-se de todo impedimento, a fim de que possam dedicar-se totalmente à Palavra e à oração". Jonathan Edwards considerava a pregação do Evangelho o principal dever do ministro. Em uma carta, ele comentou:
Devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem pertinente à época e tempos em que vivemos; labutando diligentemente para isso.
Entre as passagens bíblicas que fundamentam essa característica da pregação reformada, as seguintes podem ser mencionadas: Lucas 12.14 e João 6.14-15, com relação a Jesus; Atos 6.1-7e 1 Coríntios 1.17, com relação aos apóstolos; 1 Timóteo 5.15, com relação aos evangelistas, precursores do ministério permanente da Palavra; e Romanos 10.13-17 e 2 Timóteo 4.1-4, com relação aos ministro permanentes da Palavra.
O Elemento Central no Culto
No culto medieval, a pregação era considerada, no máximo, como elemento preparatório para a ministração e recepção dos sacramentos. Na concepção reformado-puritana, a "leitura das Escrituras, com santo temor; a sã pregação da Palavra e a consciente atenção a ela, em obediência a Deus, com entendimento, fé e reverência..." são os principais elementos do culto a Deus na dispensação da graça. A Reforma restaurou a pregação à sua posição bíblica, conferindo a ela a centralidade no culto público.
Na antiga dispensação, o elemento central do culto era o sacrifício, uma pregação simbólica, apontando para o sacrifício de Cristo. Na nova dispensação, havendo Cristo oferecido a si mesmo como o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo, não há mais lugar para sacrifícios. A pregação da Palavra é legítima substituta do sacrifício tal como atividade central do culto na dispensação da graça. O que o sacrifício proclamava de forma simbólica e pictórica na antiga dispensação, deve ser agora anunciado na forma oral, pela leitura pregação da Palavra.
Com o propósito de restaurar a igreja em Genebra ao modelo bíblico, Calvino e outros redigiram as Ordenanças Eclesiásticas, um manual de governo eclesiástico e de culto. De acordo com as Ordenanças, a pregação da Palavra deveria ser o elemento essencial do culto público e a tarefa essencial e central do ministério pessoal. No seu prefácio aos sermões de Calvino sobre o Salmo 119, Boice observa: "Quando a Reforma Protestante aconteceu no século XVI e as verdades da Bíblia, que por longo tempo haviam sido obscurecidas pelas tradições da igreja medieval novamente tornaram-se conhecidas, houve uma imediata elevação das Escrituras nos cultos protestantes. João Calvino, em particular, pôs isso em prática de modo pleno, ordenando que os altares (há muito o centro da missa latina) fossem removidos das igrejas e que o púlpito com uma Bíblia aberta fosse colocado no centro do prédio."
Lutero também "...considerava a pregação como a parte central do culto público e colocava a pregação da Palavra até mesmo acima da sua leitura." Timothy George descreve assim a contribuição de Lutero para a pregação:
Lutero recuperou a doutrina paulina da proclamação: a fé vem pelo ouvir, o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Lutero não inventou a pregação mas a elevou a um novo status dentro do culto cristão... O sermão era a melhor e mais necessária parte da missa. Lutero investiu-o de uma qualidade quase sacramental, tornando-o núcleo da liturgia... O culto protestante centrava-se ao redor do púlpito e da Bíblia aberta, com o pregador encarando a congregação, e não em volta de um altar com um sacerdote realizando um ritual semi-secreto. O ofício da pregação era tão importante que até mesmo os membros banidos da igreja não deviam ser excluídos de seus benefícios.
Quanto aos puritanos, eles "anelavam ver a pregação da palavra de Deus tornar-se central no culto." O culto puritano culminava no sermão. Ryken observa que os "puritanos fizeram da leitura e exposição das Escrituras o evento principal do culto". A prática da "profetização" (prophesying), um tipo de escola de profetas em que ministros pregavam um após outro, com vistas aos treinamento de pregadores menos experientes, contribuiu mais do que qualquer outro meio para promover e estabelecer a nova religião da Inglaterra" na época.
A Marca Essencial da Igreja Verdadeira
Porquanto na pregação Cristo fala e se faz presente, governando e ensinando a igreja, a fé reformada é unânime em considerar que a pregação da Palavra é uma das marcas da igreja verdadeira. Diversos símbolos de fé reformados, entre os quais estão a Confissão Belga (artigo 29), a Confissão Escocesa de 1560 (artigo 18), a Confissão da Igreja Inglesa em Genebra de 1556 (artigos 26-28), Confissão de Fé Francesa de 1559, e a Segunda Confissão Helvética de 1566 (capítulo 17), professam que a "pregação pura do Evangelho", a "verdadeira pregação da Palavra de Deus", é uma das marcas pelas quais a verdadeira igreja de Cristo pode ser reconhecida neste mundo. Lutero escreveu que "unicamente Cristo é o cabeça da cristandade. Ele age através do Evangelho pregado, do Batismo e da Ceia do Senhor, os quais, portanto, são também os sinais pelos quais a verdadeira igreja se identifica." Para Calvino, Satanás tenta destruir a igreja fazendo desaparecer a pregação pura. Conseqüentemente, "... os sinais pelos quais a igreja é reconhecida são a pregação da Palavra e a observância dos sacramentos, pois estes, onde quer que existam, produzem fruto e prosperam pela bênção de Deus. Eu não estou dizendo que onde quer que a Palavra seja pregada os frutos imediatamente apareçam; mas que onde quer que a Palavra seja recebida e habite por algum tempo, ela sempre manifesta a sua eficácia. Mas isto, quando a pregação do Evangelho é ouvida com reverência, e os sacramentos não são negligenciados..."
De fato, entre as três marcas da verdadeira igreja, geralmente conhecidas - pregação, ministração dos sacramentos e ministração da disciplina - a pregação é considerada a mais importante. Primeiro, porque inclui as duas outras: como vimos, na concepção reformada, os sacramentos não podem ser dissociados da Palavra, nem o exercício da disciplina. Segundo, porque é através da pregação verdadeira da Palavra que os eleitos são congregados e edificados. Berkhof, por exemplo, afirma que, "estritamente falando, pode-se dizer que a pregação verdadeira da Palavra e seu reconhecimento como o modelo da doutrina e da vida é a única marca da igreja. Sem ela não já igreja, e ela determina e reta administração dos sacramentos e o exercício fiel da disciplina eclesiástica.
Hermam Hoeksema, outro teólogo reformado, escreveu: "...podemos dizer que a única marca importante distintiva da igreja verdadeira é a pura pregação da Palavra de Deus. Onde a Palavra de Deus é pregada e ouvida, aí está a igreja de Deus. Onde esta Palavra não é pregada, aí a igreja não está presente. E onde esta Palavra é adulterada, a igreja deve arrepender-se ou morrerá".
O Meio Pelo Qual é Exercido o Poder das Chaves
Na fé reformada, o poder das chaves, mencionado em Mateus 16.19 e 18.18, é ordinariamente conferido aos ministros, sendo exercido pela pregação. A pregação liga e desliga pessoas do reino de Deus, abrindo e fechando as portas do céu.
Calvino, por exemplo, ensina que o poder das chaves está unido à Palavra e é exercido pela pregação do Evangelho. Conforme escreveu, "...o privilégio de ligar e desligar que Cristo conferiu a sua igreja está ligado à Palavra. Isso é especialmente verdade com relação ao ministério das chaves, cujo poder consiste nisso: que a graça do Evangelho é publica e privadamente selada na mente dos crentes por meio daqueles que Deus comissionou; e o único método pelo qual isso pode ser feito é pela pregação." O perdão dos pecados "nos é dispensado pelos ministros e pastores da igreja, seja na pregação do Evangelho ou na administração dos sacramentos, e nisto é especialmente manifestado o poder das chaves." Para ele, "...o poder das chaves é simplesmente a pregação do Evangelho naqueles lugares, e no que diz respeito ao homem, não é tanto poder como ministério. Propriamente falando, Cristo não dá seu poder a homens mas à Sua Palavra, da qual ele fez de homens, ministros".
A Confissão de Fé de Westminster reflete a interpretação dos reformadores, ao afirmar que "pelo ministério do Evangelho o Reino de Deus é aberto aos pecadores penitentes." Esta interpretação é, de modo geral, aceita pelos teólogos reformadores modernos.
Conclusão
Em muitos círculos evangélicos contemporâneos, o surgimento de novos meios de comunicação, a aversão do homem moderno por verdades objetivas, a secularização da sociedade, o afastamento do Cristianismo das Escrituras, o próprio declínio da pregação, e, especialmente, a concepção moderna da pregação como atividade meramente humana, têm resultado em evidente depreciação da pregação. Outras atividades têm tomado o seu lugar no culto, e a pregação tem sido relegada a um plano secundário no culto e na vida da igreja.
A tradição reformada, entretanto, atribui grande importância à pregação. Na teologia reformada, a pregação é imprescindível. É o principal meio da graça, a tarefa primordial da igreja e do ministro, o principal elemento de culto na dispensação da graça, constitui-se marca essencial da verdadeira igreja, e o meio pelo qual o reino de Deus é aberto ou fechado aos pecadores. A redescoberta da importância da pregação por parte das igrejas herdeiras da Reforma no Brasil, por certo promoveria, como nenhum outro instrumento, o reino e a glória de Deus em nosso país. Que assim seja.

O autor é ministro da Igreja Presbiteriana Central do Pará, professor de Grego e Hermenêutica no Seminário Teológico Batista Equatorial, e presidente da Associação Reformada Palavra da Verdade, na cidade de Belém. É mestre em Teologia pela Potchefstroom University for Christian Higher Education e doutorando em Ministério no Westminster Theological Seminary in California. Este artigo é parte de um dos capítulos da dissertação de Deoutorado em Ministério, que está sendo elaborada pelo autor, com o tema: "Hermenêutica e Pregação; Manual de Hermenêutica Reformada Para Pregadores", no Westminster Theological Seminary in California